Cuidado com os olhos durante o trabalho

31 de julho de 2014

No último domingo (27), foi comemorado o Dia Nacional de Prevenção ao Acidente no Trabalho. Muitas profissões exigem cuidados redobrados com os olhos. Marceneiros, pedreiros e profissionais da indústria metalúrgica, por exemplo, devem utilizar óculos de proteção, para evitar acidentes oculares causados pelos resíduos e partículas que se desprendem durante a atividade.

O oftalmologista Adelmo Jesus dos Santos, do Visão Institutos Oftalmológicos, explica que o descolamento da retina é um incidente que pode acontecer com os trabalhadores. "A retina é o tecido nervoso do olho. Traumas, quedas ou batidas muito fortes na cabeça podem fazer com que a retina descole das outras estruturas do olho. Por isso, é muito importante a segurança no local de trabalho, o uso de equipamentos adequados, como capacetes e óculos de proteção, que previnam acidentes."

Outras atividades, aparentemente mais seguras, também apresentam riscos à qualidade da saúde ocular. O oftalmologista faz um alerta para as pessoas que passam horas ininterruptas em frente do computador. "O uso de aparelhos eletrônicos, como computadores, tabletes e televisões, por um período muito longo, pode causar a ceratite de exposição, doença que provoca a inflamação da córnea devido à perda de lubrificação dos olhos", adverte.

O médico ressalta, ainda, os perigos de ficar exposto ao ar condicionado e ao ventilador em locais fechados, como os escritórios. "Esses aparelhos prejudicam a umidade do local, aumentando ainda mais a secura já característica de Brasília. Essa baixa umidade provoca irritações nos olhos, vermelhidão ocular e possíveis dores, em casos mais graves, ferimentos nas córneas. Já a falta de ventilação dos escritórios propicia a circulação e o contágio de doenças como a conjuntivite", conclui o especialista.

Fonte: ANAMT

PERIGO NO AR - Má qualidade do ar de edifícios pode causar doença grave e letal

30 de julho de 2014

Quando sintomas como ressecamento da mucosa nasal, nariz entupido, lacrimejamento, coceira nos olhos ou na pele, dores de cabeça e náuseas aparecem exclusivamente no horário comercial - e o médico não consegue diagnosticar nenhuma doença específica - é possível que as causas do problema estejam no ambiente de trabalho. Se mais de 20% dos funcionários de um edifício relatam sentir os mesmos sintomas, pode ser um caso da chamada "síndrome do edifício doente".

Essa síndrome, que começou a ser estudada na década de 1970, está frequentemente relacionada ao sistema de refrigeração ou de aquecimento dos edifícios. Ela pode ser provocada pela presença de bactérias, vírus ou fungos em sistemas de ar condicionado sem manutenção adequada; de produtos químicos dispersos no ar ou de poeira acumulada em carpetes ou cortinas.

Fatores como temperatura inadequada, velocidade do ar e umidade abaixo ou acima do recomendável também estão relacionados à síndrome, de acordo com o médico Clovis Chechinel, do setor de Medicina do Trabalho do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica.

A principal característica observada em situações de síndrome do edifício doente é que os sintomas tendem a melhorar quando a pessoa sai do ambiente de trabalho, de acordo com o médico João Silvestre da Silva-Junior, diretor científico da Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT). "Uma coisa muito comum nesses casos é que, na segunda-feira, a pessoa geralmente está melhor, mas na sexta-feira, está péssima. A fadiga é um sintoma encontrado com bastante frequência: não o cansaço normal, mas o cansaço do corpo tentando se defender de todas essas agressões", diz.

Os especialistas explicam que a síndrome do edifício doente não provoca diretamente nenhuma doença específica, mas abre o caminho para infecções bacterianas ou virais e para doenças respiratórias, como bronquite, asma ou até pneumonia.

Edifício doente
As causas da má qualidade do ar no ambiente interno que são capazes de levar aos sintomas da síndrome do edifício doente podem estar ligadas à falta de manutenção dos sistemas de ventilação. Hideraldo Esteves, diretor técnico da empresa de manutenção de ar-condicionado Airtemp, conta que já atendeu casos em que o acúmulo de sujeira no sistema de ventilação do edifício já estava provocando mal estar nos ocupantes do prédio.

"Muitas empresas não adotam a prática de manutenção programada e só chamam quando têm algum tipo de problema. Nesses casos, encontramos os filtros bem obstruídos, com grande quantidade de sujeira e até mal cheiro".  Esteves já ouviu funcionários de empresas reclamando de dor de cabeça, irritação nos olhos e sintomas de resfriado.

Ele explica que o excesso de sujeira nos filtros pode prejudicar a captação do ar externo, o que leva ao aumento no nível de dióxido de carbono (CO2) no interior, principalmente nos prédios fechados, sem janelas. "Isso pode levar a uma sensação de sonolência e de ar pesadoÂÂ’ no ambiente de trabalho", diz.

Uma manutenção adequada do sistema de ventilação, segundo Esteves, inclui a limpeza dos filtros, a higienização das serpentinas com produtos antibacterianos e a limpeza da bandeja para não haver acúmulo de água e risco de proliferação de fungos.

Frio no shopping
A maquiadora Julika Oliveira, de 20 anos, atribui suas frequentes crises de rinite e uma infecção recente na garganta às temperaturas baixas do ar-condicionado do shopping onde trabalha, em Porto Alegre. "O que percebo é que o choque térmico faz muito mal. Antes de eu ficar doente, teve um dia em que o ar estava muito frio e eu fui até o estacionamento, do lado de fora, para buscar um casaco. Dentro devia estar uns 18 graus e fora, quase 40." Ela sentiu que foi o choque térmico que desencadeou a crise na garganta.

Assim como ela, outros colegas de trabalho costumam se queixar tanto da temperatura quanto do ar seco do local. "No nosso caso, não tem como controlar, pois é o ar central do shopping. Tento usar casacos e beber muita água para não ressecar a garganta." Além disso, ela trocou de lugar para não ficar longe das saídas de ar.

Recomendações
Segundo Silva-Junior, trabalhadores que têm sintomas que só aparecem no ambiente de trabalho devem procurar o serviço médico de sua empresa para relatar o caso. Dessa forma, a empresa pode identificar se existe uma queixa comum entre os funcionários e fazer uma investigação das possíveis causas.

"É importante não encarar esse tipo de problema como uma fragilidade individual, porque pode ser uma reação do organismo a esses fatores externos. Só tem como a empresa ficar sabendo se os funcionários relatarem os casos ao serviço médico", diz o médico.

As empresas devem fazer uma manutenção periódica dos sistemas de climatização e observar se existe a presença de substâncias tóxicas no ar ambiente, provenientes de produtos de limpeza ou do próprio mobiliário.

No Brasil, a qualidade do ar de ambientes internos deve atender a normas estabelecidas pela Anvisa. Uma portaria publicada em 1998 estabelece que todos os ambientes climatizados artificialmente de uso público devem manter um plano de manutenção e controle dos sistemas de condicionamento de ar. Uma resolução publicada pela agência em 2000 determinou os padrões de referência de qualidade do ar interior.

Caso histórico
Um caso extremo de síndrome do edifício doente aconteceu na Filadélfia, nos Estados Unidos, em 1976. Durante uma convenção da Legião Americana de Veteranos, que reuniu mais de 4 mil ex-soldados no Bellevue Stratford Hotel, os participantes começaram a adoecer misteriosamente, apresentando tosse, febre e dificuldade para respirar. 

Quatro dias depois da convenção, um dos veteranos que tinha participado da convenção morreu. Outras 28 pessoas morreram em seguida. A causa da doença misteriosa - depois se descobriu - foi a presença da bactéria Legionella pneumophila no sistema de ventilação do edifício.

Em 1982, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um relatório sobre a síndrome do edifício doente, no qual o problema foi relacionado principalmente com os sistemas de ventilação dos edifícios e com a presença de carpetes e cortinas, além de substâncias poluentes no mobiliário dos edifícios.

Fonte: Revista Proteção

Empresa é condenada objetivamente por lesão na coluna de trabalhador

30 de julho de 2014

A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho condenou a Cargill Agrícola S.A a pagar indenização por danos morais de R$ 15 mil e pensão mensal a um auxiliar de descarga que desenvolveu sequela definitiva na coluna vertebral, causada por posturas não ergonômicas somadas a constantes movimentos com esforço físico acentuado. De acordo com os autos, o trabalhador fazia carga e descarga de vagões e caminhões com peso médio de 20kg.

A empresa chegou a se isentar da condenação após apresentar recurso ordinário contra a decisão do juízo de primeiro grau. O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) entendeu que ficou comprovado que a empresa cumpriu as normas de saúde e segurança do trabalho e não teve culpa pela doença.

Em recurso ao TST, o operador argumentou que o TRT-SP desconsiderou o fato de que a atividade desenvolvida por ele era de risco, caracterizando a responsabilidade objetiva e o dever de indenizar, independentemente de comprovação de culpa da empresa.

Ao analisar o recurso, o relator, ministro Mauricio Godinho Delgado, destacou que a regra geral, nos casos de danos decorrentes de doença ocupacional ou acidente, é a noção da responsabilidade subjetiva, que exige a comprovação da culpa. Contudo, tratando-se de atividade ou dinâmica fixadoras de risco para os trabalhadores envolvidos, o parágrafo único do artigo 927 do Código Civil admite a responsabilização objetiva pelos danos acidentários, sem a necessidade da caracterização da culpa.

Ao constatar que a atividade desenvolvida pelo operário era de risco acentuado para o desenvolvimento da lesão, o relator conheceu do recurso e reestabeleceu a sentença que condenou a empresa a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 15 mil e pensão mensal de 1/3 do salário até a recuperação do trabalhador. A decisão foi unânime.

Fonte: TST